Em 1987, Raul Seixas cantou “Mamãe, não quero ser prefeito/ Pode ser que eu seja eleito/ E alguém pode querer me assassinar”. Gabriel Felizardo nunca quis ser prefeito, mas a música “Cowboy Fora da Lei” está garantida no repertório que ele traz nesta sexta (13) a BH. A identificação com a faixa se explica pelo universo country presente no título e no ritmo da canção.
Com o nome artístico de Gabeu, o jovem de 21 anos começou a realizar um sonho que ele tentou renegar por muito tempo. “Eu já quis fazer teatro, cinema, ser web designer, me joguei em muita coisa”, conta Gabeu. O estouro do videoclipe “Amor Rural”, em maio, encerrou algumas dúvidas na cabeça do cantor, que assumiu de vez o ofício, mas colocou outras. “Não sabia como unir todos os meus gostos”, informa.
Filho do sertanejo Solimões, da dupla com Rionegro, Gabeu cresceu ouvindo Milionário e José Rico, Tião Carreiro e Pardinho, Lourenço e Lourival e outras duplas tradicionais da chamada “moda de viola”. Ao mesmo tempo, ele nutria o “amor pelas divas pop”, principalmente Shania Twain. “Amo bater cabelo na balada”, afirma.
Essa mistura resultou em “Amor Rural”, cujo refrão foi composto pelo namorado de Gabeu, que desenvolveu as demais partes. “Comecei a ver a galera LGBT se jogando em outros estilos e senti falta disso na música sertaneja”, observa. O novo gênero foi batizado de “pocnejo”, fruto da junção de “poc”, termo que define, no universo LGBT, os gays mais afeminados, com a terminação da palavra “sertanejo”.
“O som é sertanejo, a diferença está na narrativa. Embora tenha humor, é uma história séria sobre o relacionamento entre dois homens. Antes, isso só aparecia como chacota”, diz Gabeu, que teve o apoio do pai ao se assumir homossexual. “Nossa relação ficou mais leve”, avalia. No show, ele recebe Clara Tannure, Marcelo Toffani e Peixota, e promete lançar inéditas. “Vai ser surpresa”, encerra.
Serviço
Show de Gabeu, nesta sexta (13), às 20h30, no Do Ar (rua Amoroso Costa, 32, Santa Lúcia). R$ 15 (antecipado) e R$ 20 (na porta)