Irmãs, vindas da cidade de Uibaí. Uma infância difícil, atenuada pelos esforços da mãe, batalhadora de mão cheia. A história de Simone, 32, e Simaria, 34, remete a um clássico da MPB (“Volta Por Cima”, de Paulo Vanzolini), que fez sucesso em uma voz também feminina. “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, cantava Beth Carvalho, convidando a não se deixar abater pelos percalços da vida.
“Temos uma história de muita luta e persistência, igual à de boa parte da população brasileira”, contemporiza Simone. Mas, para ela, mais do que a trajetória, o que faz o público se identificar “é a nossa verdade, a maneira como lidamos com os fãs dentro e fora do palco”.
Mas sim, superação foi uma palavra-chave para as duas engrenarem a carreira. “No início, chegamos a ouvir de muita gente que duas mulheres à frente de uma banda, nunca daria certo”, comenta Simaria. “Mas, com o passar do tempo, mostramos que, sim, mulheres dão certo”, finaliza, orgulhosa.
Apesar de outras mulheres já terem trilhado este caminho – caso de Inezita Barroso, Roberta Miranda, Irmãs Galvão e, mais recentemente, Paula Fernandes, para ficar em alguns exemplos –, “a caminhada não foi fácil”.
“São muitos anos de carreira, mas, graças a Deus, sempre fomos bem recebidas, principalmente no meio sertanejo”, completa a cantora. Simaria, aliás, é toda elogios para o feminejo. “Vivemos uma fase muito boa, com a força musical de várias mulheres. Isso é ótimo. Só vem fortalecer”, comemora.
Zelo musical
“Você pode ter o palco mais lindo, os efeitos mais inovadores do mercado... Mas se o repertório não for bom, não adianta, o projeto não vai para frente”, sentencia Simaria. Ela explica que sempre procura estar à frente de todo processo, inclusive da produção musical. “Se um arranjo não ficava como eu queria, passava mais dias sobre aquela musica até ficar do jeitinho que gostaria”.
Quanto às letras, Simaria revela seu mote: “procuro levantar o astral das mulheres”. Aliás, ela sempre gostou de compor. “Costumo me basear no cotidiano. Falo muito sobre o amor, a ‘sofrência’”, comenta. “O chifre, por exemplo, é ‘bom’, pois é por meio dele que você enxerga de fato que a pessoa que estava ao seu lado não valia um real”, analisa. “De qualquer forma, a gente não pode deixar de acreditar no amor. Tem muita gente boa no mundo”, pondera.
Um pé no pop
Os mais antenados neste universo sabem bem. Na primeira sexta-feira do ano , a dupla lançou “Loka”, junto a Anitta. “Foi maravilhoso não só contar com ela nessa música como ver esse resultado tão positivo”, comemoram as irmãs, que têm a funkeira como uma “parceira” e “amiga querida”. “A grande alegria do artista é, claro, ver o público cantando e admirando o seu trabalho”, frisam elas, que, nesse caso, aliás, devem estar mesmo felizes: em duas semanas, o clipe já acumula ... milhões de views.